segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Be Strong!

Licao de hoje: "Nao se pode ter tudo!"

Acordamos em Dolores com o som da chuva... Mas, durante o café, ela sumiu. Arrumamos as coisas (que haviam sido tiradas todas das mochilas, em funcao da chuva anterior) e partimos la pelas 9h30min.

Na saida, tudo tranquilo, tempo nublado, sem muito vento. Mas 5 km depois, chuva! Botamos as capas e seguimos sob agua ate Nueva Palmira, no km 48. A estrada estava ótima, entao, apesar da chuva e de um pouco de frio, tudo bem.

Nueva Palmira e uma cidadezinha interessante, meio perdida no tempo. La, obtivemos informacoes com um casal de velhinhos muito simpaticos, que nos recomendou conhecer o porto e as praias locais.

Isso é algo interessante, no Uruguai, sobre o que eu nao havia pensado ate agora. Sou praticamente uma ribeirinha, velha conhecida das barrancas do Rio Uruguai (la do noroeste do Estado, onde nasci), mas nao tinha com o rio a relacao que os uruguaios parecem ter. O Rio Uruguai é realmente muito importante para eles, as principais cidades da regiao estao em suas margens e, como todo ele e fronteirico (com a Argentina), elas tem aquelas particularidades dessas zonas, especialmente os free shops. Alem disso, ha muitas praias de rio, a zona balnearia é super-valorizada... Ficamos com vontade de voltar com mais tempo.

Mas voltando a viagem: a partir de Nueva Palmira, a estrada ficou horrível! Pedalamos alguns kms com vento contra (eu já imaginando como seria ir assim por muuuuitos quilometros), quando surgiu um trevo com abencoada mudanca de direcao... O vento ficou favoravel, a estrada nem tanto... Mas nao havia praticamente nenhum movimento, o que e sempre positivo quando se tem que pedalar em cima da estrada.

Seguimos assim ate a lindinha cidade de Carmelo, a beira de um Rio. Um pouco antes dela, la pelo km 50, o vento mudou... Estava meio lateral, no inicio, quando estavamos nos aproximando da cidade, que beira o Rio da Prata, e tem haras, vinícolas e campos de golfe. O entorno dela e muito bonito, mesmo!

Paramos para almocar em uma parada de onibus: torradinhas, castanhas e gatorade! Muuito bem alimentados (rs), seguimos.

Passada a cidade, a estrada ficou muito boa, mas o vento aumento muito e ficou frontalmente contra, especialmente a partir do km 70.

A partir dai, foi uma verdadeira luta, que exigiu muuuita forca (o teclado nao tem cedilha, viu, gente!rs)! A gente praticamente nao podia parar de pedalar, senao a bicicleta parava, mesmo nas descidas. Foram poucas as descidas em que pudemos descansar...

Assim, muy lentamente fomos nos arrastando rumo a Colonia. Lembrei de um grupo que vimos na internet, o "Lesmas do Cerrado" (que, na verdade, reune pilotos de scooters, mas cuja denominacao parecia adequada para nos qualificar naquele momento). Comecei a ficar preocupada, porque canso muito nessas condicoes (pedal muito lento) e porque parecia que chegariamos muito tarde, naquela velocidade.

Com algum esforco, conseguimos manter uma media proxima a 20 km/h (fantastica, para as condicoes do tempo), mas eu cansei muuuito. Nao tenho habito de comer doce, mas aquela altura tudo que eu imaginava era comer um chocolate... Algo impossivel, conhecidas as condicoes das estradas uruguaias, praticamente sem postos nas estradas. Ate que, como uma miragem, no alto de uma colina, no km 98, surgiu um ANCAP (estación de servicios)!!, bem estranho, a loja era em um conteiner! La, o paraiso dos alfajores baratos: compramos 4 alfajores grandes e dois pequenos, mais uma coca-cola, por R$ 8,90!

Alimentados de doces, seguimos rumo a Colonia. Pelos meus cálculos, faltavam 46 km de luta, mas era um pouco mais, na verdade...

Nao mencionei antes, mas de Dolores em diante, a geografia é muito similar a do entorno de Ijui. As velhas e boas coxilhas, com sequencias de subidas e descidas... so que contra o forte vento!!

Sequencia de subidas e descidas resignadas, lentas... E, para finalizar, veio a chuva, de novo (faltando cerca de 25 km para a chegada), só que desta vez estava mais frio. Ainda bem que eu havia colocado o manguito, no almoco. Parei para colocar a capa, mas o Alex nao... seguiu se molhando.

A chuva nos acompanhou por 5 km, mais ou menos. Foi quando apareceram os dois ciclistas locais, com suas speeds, uma Trek e uma Lemond. Passaram no sentido contrario, a cerca de 20 km da cidade, a favor do vento... Nos viram, nos cumprimentaram, seguiram um pouquinho mais e fizeram a volta. Nos alcancaram e nos passaram... Quando estavam alguns metros a frente, o Alex veio para o meu lado e disse: "Vamos pegar aqueles caras!" e saiu numa desabalada corrida! Imaginem: os caras haviam pedalado 20 km a favor do vento, solos; nós, estavamos pedalando ja a 127 km, sendo que destes pelo menos 57 com muuuuito vento contra, como mochilas e bagageiros. Vamos lá!! rsrs... A velocidade, contra o vento, subiu para cerca de 30 e poucos por hora... fomos alcancando os ciclistas, que comecaram a olhar para tras...rsrsr... acho que ficaram preocupados! rs... Eu, com a capa de chuva (e ja nao chovia mais...) estava ensopada, parecia uma sauna... Acabei convencendo o Alex a desistir, ate porque o discurso de pedal leve, para nao haver problemas fisicos para os proximos dias, era dele, nao meu! rs...

De qualquer forma, a carreira foi legal para adiantar um pouco a chegada. Depois de uns 10 km em ritmo forte, baixamos para cerca de vinte e poucos por hora, e assim fomos ate a chegada, la pelas 19h30min.

O dia foi muito intenso. Para mim, o mais cansativo. Nao havia sol, nem calor, o que é ideal para pedalar, mas em contrapartida havia o vento... Para o Alex, o dia mais dificil foi o primeiro. Para mim, foi este.

Ainda assim, nao podemos reclamar: quando estava muito quente, o vento estava a favor; quando estava nublado, o vento estava contra. Ou seja: um evento climatico acabava compensando o outro. Imagina se fosse calor e vento contra!!

O negócio e ir testando os proximos limites, e ser forte! Esse o objetivo! rsrs

4 comentários:

  1. 8,90 uma coca? juraa que eu ia paga isso!
    aah da proxima o alex alcança os caras, haha
    beijos

    ResponderExcluir
  2. as roupas não ficaram cheirando mal por causa da chuva?
    ai só vcs mesmos hein..

    ResponderExcluir
  3. Eh, GAbi!! R$ 8,90 7 alfajores e uma coca!! Nao so a coca! Sim, sim, na proxima pegamos! rs

    Nao, as roupas nao molharam, as mochilas funcionaram bem. Ta tudo legal! E as roupas de ciclismo a gente tem conseguido lavar, elas secam tranquilamente ate o outro dia..

    ResponderExcluir
  4. Ah, e se voce estivesse pedalando a uns 100 km, com muito vento contra... mesmo que fosse R$ 8,90, olha que eu acho que pagava! rsrsr

    ResponderExcluir